quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

VOCAÇÃO PARA A FELICIDADE

Carlos Drumond de Andrade


Não escreverei versos chorosos cantando tristezas infinitas, amores impossíveis, saudades dolorosas, paixões trágicas e não correspondidas.
Tenho a vocação para a felicidade.
Ser feliz não me traz sentimento de culpa. Não preciso da tristeza para justificar a inutilidade da vida. Não preciso morrer e ir ao céu para encontrar a felicidade.
Quero-a e tenho-a neste espaço terreno do aqui e do agora.
A felicidade, tal e qual, o amor, está dentro de mim, e transborda em ternuras, em melodias, em carinhos, em alegrias, em cantos e encantos.
Sou feliz e não preciso me justificar.
Sorrio sem ver passarinho verde. Não tenho medo de ser feliz .
Faço minha estrela brilhar sem receio dos encontros, desencontros, encantos e desencantos que o amor me diz.
Contrariedades? Eu as tenho! E quem não as tem na vida secular?
Escassez de dinheiro? Nem é bom falar.
Amores não correspondidos? Separações? Rejeições? Saudades incuráveis? Carinhos reprimidos, ternuras guardadas, sem a contra parte do outro?
Eu tenho aos montões. Sou o rei das perdas necessárias ao meu crescimento.
Contudo quem não soube a sombra não sabe a luz.
E num livro de matemática existencial juntei todos esses problemas insolúveis, com as respostas nas últimas páginas.
Mas pra que me debruçar sobre eles, procurando a solução se a própria vida me conduz a resposta final?
Sem medo de ser feliz, vou por aqui e por ali... Por onde os caminhos, as trilhas, os atalhos me levarem, traçando meu rumo. Às vezes com alguma tristeza.

Mas quem disse que felicidade é o contrário de tristeza?
Tristeza é só uma momentânea falta de alegria!
É, amigo, amanhã é sempre um novo dia, e quando a infelicidade passar por aqui, minhas malas estarão prontas para eu ir por ali.







domingo, 22 de novembro de 2009

A ELEGANCIA DO COMPORTAMENTO

Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento.
É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.
É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto.
É uma elegância desobrigada.
É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam.
Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.
É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas, por exemplo.
Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.
É possível detectá-la em pessoas pontuais.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.
Oferecer flores é sempre elegante.
É elegante não ficar espaçoso demais.
É elegante você fazer algo por alguém, e este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para o fazer… porém, é elegante reconhecer o esforço, a amizade e as qualidades dos outros.
É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.
É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.
Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.
Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.
É elegante a gentileza.
Atitudes gentis falam mais que mil imagens…
Abrir a porta para alguém é muito elegante…
Dar o lugar para alguém sentar… é muito elegante…
Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma…
Oferecer ajuda… é muito elegante…
Olhar nos olhos, ao conversar é essencialmente elegante…
Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.
A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social:
Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os desafetos é que não irão desfrutá-la.
Educação enferruja por falta de uso.
E, detalhe : não é frescura.

Henri TOULOUSE LAUTREC
(pintor pós-impressionista e litógrafo francês. Conhecido por pintar a vida boêmia de Paris do final do século XIX. Toulouse-Lautrec revolucionou o design gráfico dos cartazes publicitários, ajudando a definir o estilo que seria posteriormente conhecido como Art Nouveau

domingo, 15 de novembro de 2009

TEXTO DE PABLO NERUDA



Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco, e os pontos sobre os ISS em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho nos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva que cai incessante

Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não respondem quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.

SOMENTE A PERSEVERANÇA FARÁ COM QUE CONQUISTEMOS UM ESTÁGIO ESPLÊNDIDO DE FELICIDADE.

Pablo Neruda

segunda-feira, 9 de novembro de 2009


"I know that my voice has entered into the hearts of many people and has caused beautiful reactions. Some, hearing me sing, have become more religious; some who were ill felt joy; friends, while in hospital, played my tapes whenever they felt ill; they all said that my voice gave them the strength needed to stand the pain. Therefore, how can I not be thankful for this great gift?"

- Renata Tebaldi (1922-2004)

sábado, 7 de novembro de 2009

Foto do filme dirigido por Anselmo Duarte em Salvador em 1962.
O Pagador de Promessas.


O ator e diretor de cinema brasileiro Anselmo Duarte faleceu na madrugada deste sábado, aos 89 anos.

Ele estava internado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, desde o dia 27 de outubro, devido a um AVC hemorrágico, segundo a assessoria de imprensa do hospital.

Na década de 1960, Anselmo Duarte ganhou a Palma de Ouro em Cannes, única concedida a um filme brasileiro, com a direção de "O Pagador de Promessas", que também concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

sábado, 15 de agosto de 2009


Cem anos se passaram desde que Euclides da Cunha foi assasinado. De uma caderneta de anotações que ele levou para Canudos surgiu um dos maiores épicos da história da humanidade. Começa com um relato frio e distante, se desenrola num romance belo e cruel até hoje jamais superado.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Pouco caso...!!
Recorro mais uma vez a esse prestigioso Órgão de Imprensa (O Estado de São Paulo), verdadeiro paladino da cidadania e dos direitos humanos e do qual me orgulho de ser assinante há mais de 50 anos, para relatar e colaborar na solução do que se segue:

A Associação Brasil Parkinson recebeu de seu associado, Hugo Engel Gutterres, uma queixa de que a filial da UNIMED em Porto Alegre se recusa em pagar a troca da bateria do marcapasso cerebral instalado em seu corpo, após a cirurgia denominada "estimulação profunda do cérebro" para o tratamento da Doença de Parkinson de que ele é portador, por considerá-la muito cara. Ora, a posição adotada por aquela empresa, constitui um verdadeiro atentado à dignidade e à integridade física daquele seu cliente, e uma flagrante violação às suas obrigações, pois não seria imaginável, exemplificativamente, fornecer-se um balão de oxigênio a um paciente e se negar em entregar o respectivo tubo. A atitude da UNIMED demonstra que ela é movida por um execrável mercantilismo da saúde, com desprezo aos comesinhos princípios de solidariedade humana e de cumprimento do papel social da iniciativa privada. Está ela a merecer o repúdio da comunidade parkinsoniana e poderá ser processada civil e criminalmente no caso de acontecer algo de mais grave com o referido paciente.

Contando sua valiosa ajuda para nossa causa humanitária, apresento minhas mais
Cordiais Saudações
Samuel Grossmann, presidente
(Correspondência de igual teor encaminhada ao jornal Zero Hora)

domingo, 19 de julho de 2009



A Suécia na frente.

Uma pequena cidade da Suécia já está vacinando seus habitantes contra a Gripe Suína.
Duas doses grátis. E o nosso Brasil? Está esperando o quê?

terça-feira, 14 de julho de 2009


Que assim não seja


Logo a praga estava por toda parte. E ninguém estava a salvo. A doença afetou os jovens e saudáveis. Um dia você estava muito bem, forte e invulnerável. Podia estar ocupado, trabalhando em seu escritório. Ou talvez estivesse tricotando um cachecol para as tropas de bravos soldados que lutavam na guerra para acabar com todas as guerras. Ou talvez você fosse um soldado recebendo treinamento básico, pela primeira vez longe de casa e da família.

Divulgação
Capa do livro "Gripe: A História da Pandemia de 1918", de Gina Kolata
Capa do livro "Gripe: A História da Pandemia de 1918", de Gina Kolata

Você começava sentindo uma forte dor de cabeça. Seus olhos começavam a arder. Vinham os calafrios e você ia para a cama, enrolado em cobertores. Mas não havia nem manta nem cobertor que conseguisse aquecê-lo. Você adormecia sem repousar, delirando e tendo pesadelos à medida que a febre aumentava. E quando você começava a despertar, entrando num estado de semiconsciência, seus músculos doíam e sua cabeça latejava e, de alguma maneira, ficava sabendo aos poucos que, embora seu corpo gritasse debilmente "não", você caminhava para a morte. Isso podia durar alguns dias, ou algumas horas, mas nada podia deter o progresso da doença. Médicos e enfermeiras aprenderam a reconhecer os sinais. Seu rosto assumia um tom castanho arroxeado escuro. Você começava a tossir sangue. Seus pés ficavam pretos. Por último, quando o fim já estava próximo, você sentia uma terrível falta de ar. Uma saliva tingida de sangue saía de sua boca. Você morria --afogado, na verdade-- à medida que seus pulmões enchiam-se de um líquido avermelhado.

E quando fosse fazer a autópsia, o médico observaria que seus pulmões estavam pesados e encharcados em seu peito, saturados de um líquido sanguinolento ralo, inútil, como pequenos pedaços de fígado.

A praga de 1918 foi chamada de gripe, mas não era como nenhuma outra gripe já vista. Parecia mais a concentração de alguma profecia bíblica, algo como o Apocalipse, que dizia que o mundo seria primeiro assolado pela guerra, depois pela fome e, em seguida, com o rompimento do quarto selo do rolo de pergaminho prevendo o futuro, o aparecimento de um cavalo, "amarelo-pálido; o que estava montado nele tinha por nome Morte e seguia-o o Inferno".

A praga irrompeu em setembro daquele ano e, ao terminar, meio milhão de americanos haviam morrido. A doença espalhou-se às partes mais remotas do globo. Alguns povoados esquimós foram dizimados, praticamente eliminados da face da terra. Vinte por cento dos habitantes da Samoa Ocidental pereceram. E onde quer que atacasse, o vírus infectava um grupo normalmente de pequeno risco - jovens adultos que em geral são poupados da devastação das doenças infecciosas. As curvas de mortalidade tinham a forma de "W", com picos para os bebês e crianças com menos de 5 anos, para os mais velhos na faixa de 70 a 74 anos e para pessoas de 20 a 40 anos de idade.

Crianças tornavam-se órfãs, famílias eram destruídas. Alguns sobreviventes diziam ter sido algo tão horrível que não queriam sequer falar no assunto. Outros tentavam interpretá-la como mais um pesadelo da guerra, assim como a luta nas trincheiras e o gás mostarda. Ela veio quando o mundo estava cansado da guerra. Varreu o globo em meses e, junto com a guerra, se foi. Acabou tão misteriosamente como surgiu. E quando tudo estava terminado, a humanidade havia sido abalada por uma doença que em poucos meses tinha matado mais gente do que qualquer outra enfermidade na história do mundo.

Quando pensamos em pragas, imaginamos terríveis e estranhas doenças. Aids. Ebola. Esporos de Antraz. E, naturalmente, a Peste Negra. Preocupamo-nos com sintomas horripilantes --pústulas ou golfadas de sangue saindo por todos os orifícios. Ou homens jovens, que tinham o físico de deuses olímpicos, reduzidos a figuras esqueléticas, cambaleando pelas ruas com seus membros raquíticos, apoiando-se em bengalas, tiritando de frio. Hoje nossa preocupação é a guerra biológica - um novo vírus feito de uma combinação de varíola e antraz ou varíola e Ebola. Ou nos preocupamos com a possibilidade de uma nova doença terrível estar sendo incubada em algum lugar, em uma região quente, e estar sendo preparada, com a destruição de antigas florestas, para de repente surgir e matar a todos nós.

Mas a gripe jamais figura na lista das pragas letais. Ela parece ser inócua. Aparece no inverno e todos a contraem mais cedo ou mais tarde. Uma vez que alguém adoece, não existe um tratamento eficiente, mas isso não importa. Praticamente todo mundo fica bem novamente, muito poucos não se recuperam. Trata-se apenas de uma doença inconveniente, que inflige, em geral, cerca de uma semana de sofrimento. Não se supõe que gripe seja uma doença letal, pelo menos para adultos jovens, que têm poucas razões para temer a morte e as enfermidades. O próprio nome em inglês e em italiano, influenza, insinua sua característica de aparecer periodicamente a cada inverno. Influenza é uma palavra italiana que, sendo uma hipótese, foi cunhada pelas vítimas da doença na Itália em meados do século XVIII. Influenza di freddosignifica "influência do frio".

A gripe parece ser entretanto inevitável. Ela se dissemina pelo ar e pouco pode ser feito para evitar que sejamos infectados. "Eu sei como contrair Aids", diz Alfred W. Crosby, um historiador da gripe de 1918. "E não sei como pegar gripe."

E talvez porque a gripe seja tão familiar, o terror que provocou em 1918 foi muito assustador. É como uma história macabra de ficção científica em que o que é comum torna-se monstruoso. Quando a doença foi observada pela primeira vez, os médicos relutaram mesmo em chamá-la de gripe. Parecia ser uma nova doença, diziam eles. Alguns chamaram-na de broncopneumonia, outros de infecção respiratória epidêmica. Alguns médicos sugeriram que poderia ser cólera ou tifo, ou talvez dengue ou botulismo. Outros diziam ainda que era simplesmente uma doença pandêmica não-identificada. Os que usavam o termo "gripe" insistiam em colocá-lo entre aspas.

Uma forma de se contar a história da gripe de 1918 é através de fatos e imagens, uma coleção de dados de impacto é entorpecedor e de magnitude quase inconcebível. Quantos adoeceram? Mais de 25 por cento da população dos Estados Unidos. O que se passou com os que prestavam serviço militar, aqueles rapazes jovens e saudáveis que foram os alvos favoritos do vírus? A Marinha informou que 40 por cento de seus membros contraíram a gripe em 1918. O Exército estimava que cerca de 36 por cento de seus membros foram atacados. Quantos morreram no mundo todo? As estimativas vão de 20 a mais de 100 milhões, mas o número verdadeiro jamais poderá ser conhecido. Muitos lugares atacados pela gripe não apresentam estatísticas de mortalidade e, mesmo em países como os Estados Unidos, os esforços para registrar as mortes pela gripe foram complicados pelo fato de naquela época não haver um exame definitivo que realmente mostrasse que uma pessoa tinha a gripe.

E além disso a baixa estimativa do número de óbitos é surpreendente. Em comparação, a Aids matou 11,7 milhões de pessoas em 1997. A Primeira Guerra Mundial foi responsável por 9,2 milhões de mortes em combate e por um total de cerca de 15 milhões de mortes. A Segunda Guerra por 15,9 mortes em combate. O historiador Crosby chama a atenção para o fato de que, qualquer que seja o número exato de baixas ocasionadas pela gripe de 1918, uma coisa é indiscutível: o vírus "matou mais seres humanos do que qualquer outra doença num período de mesma duração na história mundial".

*

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Vuvuzela Nêles

Rio de Janeiro, 23 de Junho de 2009 
 
Caro Diretor de Redação,
 
Me chamo Flávia Lanat, tenho 17 anos e no momento estou cursando o meu último ano do colégio. Tirei o meu título de eleitor no início desse ano, e me sinto desmotivada a votar em meio de tantos escândalos que vem das autoridades que deveriam nos representar com dignidade. Acredito muito no Poder Judiciário, mas a cada dia que passa fico mais desanimada pois ninguém é punido. A concepção de contrato social entre Estado e a sociedade civil sumiu.
 
Na terça-feira passada lembro de ter assistido no Globo News o discurso do senador José Sarney, tal acontecimento mexeu bastante comigo, pois sempre acreditei que Sarney era o maior coronel do Maranhão, que estaria envolvido com fraudes e outros esquemas. Porém, ele falava com tanta convicção que fui levada à acreditar que ele era um inocente e que anos atrás quando foi presidente da república fez um ótimo mandato (me fazendo esquecer de todos os fatos presentes nos livros de História). O que veio em minha mente foi que: ou durante todos esses anos ele vinha sendo acusado injustamente pelo povo e pela imprensa ou que o nosso excelentíssimo presidente do senado era na verdade um excelentíssimo ator de Hollywood. Por um momento rezei para que ele fosse um injustiçado, o que logo faria com que não existissem as contratações secretas e outras irregularidades no senado, para assim poder acreditar que algo estava sendo feito pelo nosso país.
 
Melhor do que sentir a tristeza de assistir a mentira do Sarney, foi ouvir o comentário infeliz do presidente Lula dizendo que Sarney não pode ser tratado como uma pessoa comum e que todos aqueles que apontam as fraudes do Senado estão afim de enfraquecer a democracia. Francamente, alguém que estudou até a 5° série, não deve saber o que é democracia, pois nem eu, com praticamente ensino médio completo, sei o que é. E olha que vivo em um país que se diz democrático.
 
Se Lula tivesse estudado mais (e muito mais) ele saberia que os homens são iguais; que os governos foram estabelecidos parar manter os direitos do seu povo; que esse poder legítimo que ele tem veio do consentimento de nós governados e que o povo tem o direito, e até o dever, de rejeitar um governo que pratica uma série de abusos.
 
Por fim, deixo aqui minha indignação e encorajo que Veja continue a denúnciar as falcatruas dessas autoridades corruptas que vergonhosamente se submetem às ordens de meros coronéis, como o do Estado do Maranhão! Que para as gerações de hoje não representam ninguém, apenas meras figuras políticas ultrapassadas. Deus nós salve desse Brasil colonial!
 
(21) 2493-****
RG: 14605135 17
 

terça-feira, 16 de junho de 2009

Aproveite bem o seu dia.
(Adriano Silva - 04/06/2009 - Revista Exame)
Aí um dia você toma um avião para Paris, a lazer ou a trabalho, em um vôo da Air France, em que a comida e a bebida têm a obrigação de oferecer a melhor experiência gastronômica de bordo do mundo, e o avião mergulha para a morte no meio do Oceano Atlântico. Sem que você perceba, ou possa fazer qualquer coisa a respeito, sua vida acabou. Numa bola de fogo ou nos 4 000 metros de água congelante abaixo de você naquele mar sem fim. Você que tinha acabado de conseguir dormir na poltrona ou de colocar os fones de ouvido para assistir ao primeiro filme da noite ou de saborear uma segunda taça de vinho tinto com o cobertorzinho do avião sobre os joelhos. Talvez você tenha tido tempo de ter a consciência do fim, de que tudo terminava ali. Talvez você nem tenha tido a chance de se dar conta disso. Fim. Tudo que ia pela sua cabeça desaparece do mundo sem deixar vestígios. Como se jamais tivesse existido. Seus planos de trocar de emprego ou de expandir os negócios. Seu amor imenso pelos filhos e sua tremenda incapacidade de expressar esse amor. Seu medo da velhice, suas preocupações em relação à aposentadoria. Sua insegurança em relação ao seu real talento, às chances de sobrevivência de suas competências nesse mundo que troca de regras a cada seis meses. Seu receio de que sua mulher, de cuja afeição você depende mais do que imagina, um dia lhe deixe. Ou pior: que permaneça com você infeliz, tendo deixado de amá-lo. Seus sonhos de trocar de casa, sua torcida para que seu time faça uma boa temporada, o tesão que você sente pela ascensorista com ar triste. Suas noites de insônia, essa sinusite que você está desenvolvendo, suas saudades do cigarro. Os planos de voltar à academia, a grande contabilidade (nem sempre com saldo positivo) dos amores e dos ódios que você angariou e destilou pela vida, as dezenas de pequenos problemas cotidianos que você tinha anotado na agenda para resolver assim que tivesse tempo. Bastou um segundo para que tudo isso fosse desligado. Para que todo esse universo pessoal que tantas vezes lhe pesou toneladas tenha se apagado. Como uma lâmpada que acaba e não volta a acender mais. Fim. Então, aproveite bem o seu dia. Extraia dele todos os bons sentimentos possíveis. Não deixe nada para depois. Diga o que tem para dizer. Demonstre. Seja você mesmo. Não guarde lixo dentro de casa. Não cultive amarguras e sofrimentos. Prefira o sorriso. Dê risada de tudo, de si mesmo. Não adie alegrias nem contentamentos nem sabores bons. Seja feliz. Hoje. Amanhã é uma ilusão. Ontem é uma lembrança. No fundo, só existe o hoje.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Boa Tacada.
'Estou velho.Não gosto dos sem terra. Dizem que isto é ser reacionário, mas não gosto de vê-los invadindo fazendas, parando estradas, ocupando linhas de trens, quebrando repartições públicas, tentando parar o lento progresso do Brasil.Estou velho.Não acredito em cotas para negros e índios. Dizem que sou racista. Mas para mim racista é quem julga negros e índios incapazes de competir com os brancos em pé de igualdade. Eu acho que a cor da pele não pode servir de pretexto para discriminar, mas também não devia ser fonte para privilégios imerecidos, provocando cenas ridículas de brancos querendo se passar por negros.Estou muito velho.Não quero ouvir mais notícias de pessoas morrendo de dengue. Tapo os ouvidos e fecho os olhos, mas continuo a ouvir e ver. Não quero saber de crianças sendo arrastadas em carros por bandidos, ou de uma menininha jogada pela janela em plena flor da idade. Ou de meninos esquartejados pelos pais por serem 'levados'... Meu coração não tem mais força para sentir emoções. Me sinto mais velho que o Oscar Niemeyer. Ele, velho como é, ainda acredita em comunismo, coisa que deixou de existir.Eu não acredito em nada.Estou cansado de quererem me culpar por não ser pobre, por ter casa,carro, e outros bens, todos adquiridos com honestidade, por ser amado por minha mulher e filhos.Nada mais me comove... Estou bem envelhecido.E acabo de cometer mais um erro! Descobri que ainda sou capaz de me comover e de me emocionar. O patriotismo de uma jovem de Joinville usando a letra do Hino Nacional para mostrar o seu amor pelo Brasil me comoveu.Na cidade de Joinville houve um concurso de redação na rede municipal de ensino. O título recomendado pela professora foi: 'Dai pão a quem tem fome'..Incrível, mas o primeiro lugar foi conquistado por uma menina de apenas 14 anos de idade. E ela se inspirou exatamente na letra de nosso Hino Nacional para redigir um texto, que demonstra que os brasileiros verde amarelos precisam perceber o verdadeiro sentido de patriotismo. Leiam o que escreveu essa jovem. É uma demonstração pura de amor à Pátria e uma lição a tantos brasileiros que já não sabem mais o que é este sentimento cívico."'Certa noite, ao entrar em minha sala de aula, viu num mapa-múndi, o nosso Brasil chorar:O que houve meu Brasil brasileiro?Perguntei-lhe!E ele, espreguiçando-se em seu berço esplêndido, esparramado e verdejante sobre a América do Sul, respondeu chorando, com suas lágrimas amazônicas: Estou sofrendo. Vejam o que estão fazendo comigo...Antes, os meus bosques tinham mais flores e meus seios mais amores.Meu povo era heróico e os seus brados retumbantes. O sol da liberdade era mais fúlgido e brilhava no céu a todo instante. Onde anda a liberdade, onde estão os braços fortes? Eu era a Pátria amada,idolatrada. Havia paz no futuro e glórias no passado. Nenhum filho meu fugia à luta. Eu era a terra adorada e dos filhos deste solo era a mãe gentil. Eu era gigante pela própria natureza, que hoje devastam e queimam, sem nenhum homem de coragem que às margens plácidas de algum riachinho, tenha a coragem de gritar mais alto para libertar-me desses novos tiranos que ousam roubar o verde louro de minha flâmula.Eu, não suportando as chorosas queixas do Brasil, fui para o jardim.Era noite e pude ver a imagem do Cruzeiro que resplandece no lábaro que o nosso país ostenta estrelado. Pensei... Conseguiremos salvar esse país sem braços fortes? Pensei mais... Quem nos devolverá a grandeza que a Pátria nos traz?Voltei à sala, mas encontrei o mapa silencioso e mudo, como uma criança dormindo em seu berço esplêndido. 'Mesmo que ela seja a última brasileira patriota, valeu a pena viver.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

O Titanic numa foto de 1912. Só iríamos vê-lo novamente em 1987 quando foi descoberto seu local de naufrágio. Hoje faz 97 anos que este impressionante navio colidiu contra um iceberg.

domingo, 22 de março de 2009

"Para conhecermos os amigos é necessário passar
pelo sucesso e pela desgraça.
No sucesso, verificamos a quantidade e,
na desgraça, a qualidade. "
Confúcio

terça-feira, 17 de março de 2009

Ouvir como Arte.
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de “escutatória”. Todo mundo quer aprender a falar, ninguém quer aprender a ouvir.Pensei em oferecer um curso de “escutatória”, mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil.Diz Alberto Caeiro que... “Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma.” Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia. Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.” Daí a dificuldade: A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração. E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade. No fundo, somos os mais bonitos... Tenho um velho amigo, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. Vejam a semelhança...Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, abrindo vazios de silêncio, expulsando todas as idéias estranhas. Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades:Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado. Segunda: Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou. E, assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro, ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência... E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia... Que de tão linda nos faz chorar! Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.



domingo, 8 de março de 2009

segunda-feira, 2 de março de 2009

Carlos Roberto e Helena, amigos e irmãos.
Em dias de Taquara Póca



"DA ALMA PARA O CORAÇÃO"
Não sei ... se a vida é curta ou longa demais para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.Muitas vezes basta ser:colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura... enquanto durar...."
Saudades muitas de vocês... até 2010.