quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

VOCAÇÃO PARA A FELICIDADE

Carlos Drumond de Andrade


Não escreverei versos chorosos cantando tristezas infinitas, amores impossíveis, saudades dolorosas, paixões trágicas e não correspondidas.
Tenho a vocação para a felicidade.
Ser feliz não me traz sentimento de culpa. Não preciso da tristeza para justificar a inutilidade da vida. Não preciso morrer e ir ao céu para encontrar a felicidade.
Quero-a e tenho-a neste espaço terreno do aqui e do agora.
A felicidade, tal e qual, o amor, está dentro de mim, e transborda em ternuras, em melodias, em carinhos, em alegrias, em cantos e encantos.
Sou feliz e não preciso me justificar.
Sorrio sem ver passarinho verde. Não tenho medo de ser feliz .
Faço minha estrela brilhar sem receio dos encontros, desencontros, encantos e desencantos que o amor me diz.
Contrariedades? Eu as tenho! E quem não as tem na vida secular?
Escassez de dinheiro? Nem é bom falar.
Amores não correspondidos? Separações? Rejeições? Saudades incuráveis? Carinhos reprimidos, ternuras guardadas, sem a contra parte do outro?
Eu tenho aos montões. Sou o rei das perdas necessárias ao meu crescimento.
Contudo quem não soube a sombra não sabe a luz.
E num livro de matemática existencial juntei todos esses problemas insolúveis, com as respostas nas últimas páginas.
Mas pra que me debruçar sobre eles, procurando a solução se a própria vida me conduz a resposta final?
Sem medo de ser feliz, vou por aqui e por ali... Por onde os caminhos, as trilhas, os atalhos me levarem, traçando meu rumo. Às vezes com alguma tristeza.

Mas quem disse que felicidade é o contrário de tristeza?
Tristeza é só uma momentânea falta de alegria!
É, amigo, amanhã é sempre um novo dia, e quando a infelicidade passar por aqui, minhas malas estarão prontas para eu ir por ali.







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